Marie Skłodowska Curie foi uma cientista polonesa de naturalização francesa que conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade.
Nome de nascimento: Marja Skłodowska
Nacionalidade: Polonesa
Residência: Polônia, França
Nascimento: 7 de novembro de 1867
Local: Varsóvia, Congresso da Polônia
Morte: 4 de julho de 1934 (66 anos)
Local: Sancellemoz, França
Causa: Anemia aplástica
Cônjuge: Pierre Curie
Área: Química e Física
Instituições: Sorbonne, ESPCI Paris Tech
Alma mater: Sorbonne
Orientador: Antoine Henri Becquerel
Orientado(s): André-Louis Debeime, Óscar Moreno, Margueritte Catherine Perey
Conhecida por: descobriu a radioatividade
Prêmios: Nobel em Física (1903), Medalha Davy (1903), Medalha Matteucci (1904), Medalha Elliott Cresson (1909) e Nobel em Química (1911)
Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prêmio duas vezes. A família Curie ganhou um total de cinco prêmios Nobel.
QUEM FOI MARIE CURIE?
Em 1878 Pierre Curie trabalhou no laboratório de Schutzenberger (Figura 5 e 6), na Escola Municipal de Paris, com seu irmão Jacques em pesquisas com cristais e acabou descobrindo a piezeçetrocidade (é a propriedade que certos cristais, como o quartzo, apresentam de converter tensões mecânicas em impulsos elétricos e vice-versa). Essa pesquisa deu início à chamada física do estado sólido.
Continuando suas pesquisas com sólidos, Pierre Curie determinou a temperatura acima da qual as substâncias ferromagnéticas perdem essa propriedade, hoje conhecida como ponto de Curie.
Pierre era um homem esquivo e reservado, que vivia exclusivamente em função da física, dedicando todo seu tempo a pesquisa. Enquanto isso, Marja enfrentava uma série de adversidades em Varsóvia, até que em 1891 deixou a sua cidade natal e, com apenas 24 anos, foi estudar em Paris, conseguindo matricular-se na Sorbonne. Foi lá que em 1894 ela conheceu Pierre.
Pierre e Marja – agora Marie – logo descobriram várias afinidades, tanto do ponto de vista social (ela também era muito reservada) como do ponto de vista científico.
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Figura 3. Pierre e Marie Curie em 1895. Fonte da imagem: wikipedia. |
Apesar dessa época Pierre já ser um cientista relativamente famoso tanto na França como no exterior – enquanto Marie era apenas uma estudante de física e matemática -, ele reconheceu de imediato sua inteligência e sua vocação para a pesquisa, o que acabou estabelecendo uma grande amizade entre os dois.
Um ano depois, em 1895, já estavam casados (Figura 3). Nesse mesmo ano Pierre defendeu sua tese de doutorado sobre magnetismo a temperaturas variáveis.
No início do casamento, Marie dividia seu tempo entre os cuidados com o a casa e as pesquisas para sua tese de doutorado. Em 1897 o casal teve sua primeira filha, Irène Curie (Figura 4).
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Figura 4. Marie com suas duas filhas Eve e Irene. Fonte da imagem: irishnews. |
OS TRABALHOS DE MARIE CURIE
Marie interessou-se profundamente pelos trabalhos do físico francês Antoine Henri Becquerel (1852 – 1908). Dois anos antes ele havia descoberto um minério de urânio que, ao ser colocado sobre uma chapa fotográfica envolta em papel preto, produzia uma impressão semelhante à que produzia se fosse fotografado em presença de luz.
Ele percebeu que essa impressão era devida a alguma radiação emitida pelo minério que atravessava o papel e passou a pesquisar de onde provinham essas radiações.
Marie e Pierre também começaram a procurar uma resposta e instalaram num lugar úmido da Escola de Física e Química uma câmara de ionização e alguns instrumentos de detecção criados por Pierre.
Por meio de um eletrômetro conseguiram medir tais radiações, afirmando que elas eram uma propriedade intrínseca do elemento urânio. Sua intensidade era proporcional à quantidade de urânio presente na substância, não dependendo do estado de combinação química, da fase de agregação, nem das condições exteriores.
O casal Pierre e Marie descobriu ainda que o urânio não era o único elemento que apresentava essa propriedade. Os sais de tório emitiam radiações semelhantes.
Como resultado de todo esse longo trabalho, iniciado pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röentgen (1845 – 1923), que teve prosseguimento nos trabalhos de Becquerel e foi concluído por Pierre e Marie Curie, nasceu o estudo do fenômeno da radioatividade.
Pierre e Marie foram ainda mais longe: em uma comunicação à Academia de Ciências, a 12 de abril de 1898, anunciaram que a pechblenda – óxido de urânio – era bem mais radioativa que o urânio metálico (isolado). Isso significava que o minério continha, além do urânio, outro elemento radioativo.
Conseguiram do governo austríaco uma tonelada de pechblenda, proveniente das minas de Joachimstal. Passaram 3 messes envolvidos num trabalho árduo, quebrando o minério, fervendo os pedaços, filtrando os resíduos, lutando contra os gases asfixiantes que eram liberados em cada etapa, até que em julho desse mesmo ano anunciaram que haviam conseguido isolar da pechblenda um metal que, na tabela periódica, seria vizinho do bismuto. Em homenagem à pátria de Marie, ele foi denominado polônio.
Ocorre, porém, que o minério puro ainda mostrava radioatividade superior a que seria explicada pela presença do polônio, e o casal resolveu repetir todo o procedimento, ainda com mais cuidado, para ver se descobrir o motivo.
Novamente, os resultados foram positivos. A radioatividade da pechblenda finalmente estava explicada. Uma comunicação assinada por Marie, Pierre e seu colaborador G. Bémont, no final de 1898, anunciava a descoberta de outro elemento radioativo, o rádio.
No início, os trabalhos de Pierre e Marie foram acolhidos com reservas pelo meio científico, pois implicavam a destruição de um conjunto de ideias até então plenamente aceitas, entre elas a indivisibilidade do átomo. Além disso, afirmavam que, se a existência do rádio havia sido comprovada, o seu isolamento ainda não tinha sido concluído.
Marie aceitou o desavio de isolar uma quantidade significativa de rádio. Passou quatro anos trabalhando com a pechblenda no mesmo processo anterior até que com a ajuda de Pierre e de outros colaboradores conseguiu obter 1 decigrama de rádio puro e determinar sua massa atômica, 226, e algumas de suas propriedades: elemento espontaneamente luminoso e dois milhões de vezes mais radioativo que o urânio.
O valor terapêutico do rádio no tratamento de câncer foi testado por Pierre e pelos professores Charles Bouchard e Balthasard e logo comprovado.
A essa altura dos acontecimentos, não restava dúvida sobre o valor dessa descoberta. O reconhecimento era mundial. As maiores homenagens e horarias, contudo, eram sempre dirigidas a Pierre. O governo francês condecorou-o, e a Sorbnne ofereceu-lhe uma de suas cátedras.
Em 25 de julho de 1903, Marie defendeu sua tese na Sorbonne, Recherches sur les Substances Radio-actives, e obteve o título de doutora em Ciências Físicas, com menção de alto louvor. A Royal Society de Londres solicitou a presença do casal. Nesse mesmo ano, Marie, Pierre e Antonie Henri Becquerel receberam o Prêmio Nobel de Física (Figura 7). Marie foi nomeada chefe de pesquisas do departamento de Física da Sorbonne.
Um mês depois nasceu a segunda filha do casal, Eve Curie, que foi pianista e, mais tarde, escritora, tendo como obra de maior repercussão a biografia de sua mãe.
Em 19 de abril de 1906 um trágico acidente separou o casal: Pierre, ao atravessar a Rua Dauphine, rumo à Sorbonne, foi atropelado por um carruagem e faleceu.
Marie, mesmo profundamente abalada, continuou suas pesquisas e ocupou a cátedra deixada vaga pelo marido. Era a primeira vez que uma mulher ocupava esse cargo na Sorbonne.
Em 1908, Marie organizou, reviu e prefaciou as obras de Pierre. Em 1910 recebeu um longo trabalho intitulado Traité de Radio-activité. Nessa época, dividia suas pesquisas entre Física e a Química. Em 1911 recebeu o segundo Prêmio Nobel: o de Química.
Durante a I Guerra Mundial organizou centros de assistência radiológica para os feridos. Em 1918, restabelecida a paz, Marie retornou as suas pesquisas. Começaram, então, as viagens ao estrangeiro. Em 1921, acompanhada por Irène, visitou os Estados Unidos, onde recebeu das mulheres americanas 1 grama de rádio, que doou ao Instituto Curie de Radioatividade, criado na França. Alguns anos mais tarde chegou mais 1 grama; dessa vez ela o destinou ao Instituto de Radioterapia de Varsóvia, que dirigia de Paris. Em agosto de 1926, Marie esteve no Brasil.
Em 1933 publicou o livro Les Rayons Alfa, Bêta et Gama des Corps Radioacttifs en Relation avec la Structure Nucléaire: era um esquema de todos os progressos realizados na física nuclear.
Marie morreu com 67 anos, em 4 de julho de 1934, no sanatório de Sancellemoz, vítima das radiações a que ficara exposta durante os anos de trabalho.
Referências
REIS, Martha. Físico-Química. Ciências, Tecnologia & Sociedade, FTD, 2001.
Ele percebeu que essa impressão era devida a alguma radiação emitida pelo minério que atravessava o papel e passou a pesquisar de onde provinham essas radiações.
Marie e Pierre também começaram a procurar uma resposta e instalaram num lugar úmido da Escola de Física e Química uma câmara de ionização e alguns instrumentos de detecção criados por Pierre.
Por meio de um eletrômetro conseguiram medir tais radiações, afirmando que elas eram uma propriedade intrínseca do elemento urânio. Sua intensidade era proporcional à quantidade de urânio presente na substância, não dependendo do estado de combinação química, da fase de agregação, nem das condições exteriores.
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Figura 5. Marie Curie em seu laboratório. Fonte da imagem: Linkedin. |
O casal Pierre e Marie descobriu ainda que o urânio não era o único elemento que apresentava essa propriedade. Os sais de tório emitiam radiações semelhantes.
Como resultado de todo esse longo trabalho, iniciado pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röentgen (1845 – 1923), que teve prosseguimento nos trabalhos de Becquerel e foi concluído por Pierre e Marie Curie, nasceu o estudo do fenômeno da radioatividade.
Pierre e Marie foram ainda mais longe: em uma comunicação à Academia de Ciências, a 12 de abril de 1898, anunciaram que a pechblenda – óxido de urânio – era bem mais radioativa que o urânio metálico (isolado). Isso significava que o minério continha, além do urânio, outro elemento radioativo.
Conseguiram do governo austríaco uma tonelada de pechblenda, proveniente das minas de Joachimstal. Passaram 3 messes envolvidos num trabalho árduo, quebrando o minério, fervendo os pedaços, filtrando os resíduos, lutando contra os gases asfixiantes que eram liberados em cada etapa, até que em julho desse mesmo ano anunciaram que haviam conseguido isolar da pechblenda um metal que, na tabela periódica, seria vizinho do bismuto. Em homenagem à pátria de Marie, ele foi denominado polônio.
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Figura 6. Pierre e Marie em seu laboratório. Fonte da imagem: wikipedia. |
Ocorre, porém, que o minério puro ainda mostrava radioatividade superior a que seria explicada pela presença do polônio, e o casal resolveu repetir todo o procedimento, ainda com mais cuidado, para ver se descobrir o motivo.
Novamente, os resultados foram positivos. A radioatividade da pechblenda finalmente estava explicada. Uma comunicação assinada por Marie, Pierre e seu colaborador G. Bémont, no final de 1898, anunciava a descoberta de outro elemento radioativo, o rádio.
No início, os trabalhos de Pierre e Marie foram acolhidos com reservas pelo meio científico, pois implicavam a destruição de um conjunto de ideias até então plenamente aceitas, entre elas a indivisibilidade do átomo. Além disso, afirmavam que, se a existência do rádio havia sido comprovada, o seu isolamento ainda não tinha sido concluído.
Marie aceitou o desavio de isolar uma quantidade significativa de rádio. Passou quatro anos trabalhando com a pechblenda no mesmo processo anterior até que com a ajuda de Pierre e de outros colaboradores conseguiu obter 1 decigrama de rádio puro e determinar sua massa atômica, 226, e algumas de suas propriedades: elemento espontaneamente luminoso e dois milhões de vezes mais radioativo que o urânio.
O valor terapêutico do rádio no tratamento de câncer foi testado por Pierre e pelos professores Charles Bouchard e Balthasard e logo comprovado.
A essa altura dos acontecimentos, não restava dúvida sobre o valor dessa descoberta. O reconhecimento era mundial. As maiores homenagens e horarias, contudo, eram sempre dirigidas a Pierre. O governo francês condecorou-o, e a Sorbnne ofereceu-lhe uma de suas cátedras.
OS PRÊMIOS DE MARIE CURIE
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Figura 7. Diploma do Nobel de Física, 1903. Fonte da imagem: wikipedia. |
Um mês depois nasceu a segunda filha do casal, Eve Curie, que foi pianista e, mais tarde, escritora, tendo como obra de maior repercussão a biografia de sua mãe.
Em 19 de abril de 1906 um trágico acidente separou o casal: Pierre, ao atravessar a Rua Dauphine, rumo à Sorbonne, foi atropelado por um carruagem e faleceu.
Marie, mesmo profundamente abalada, continuou suas pesquisas e ocupou a cátedra deixada vaga pelo marido. Era a primeira vez que uma mulher ocupava esse cargo na Sorbonne.
Em 1908, Marie organizou, reviu e prefaciou as obras de Pierre. Em 1910 recebeu um longo trabalho intitulado Traité de Radio-activité. Nessa época, dividia suas pesquisas entre Física e a Química. Em 1911 recebeu o segundo Prêmio Nobel: o de Química.
Durante a I Guerra Mundial organizou centros de assistência radiológica para os feridos. Em 1918, restabelecida a paz, Marie retornou as suas pesquisas. Começaram, então, as viagens ao estrangeiro. Em 1921, acompanhada por Irène, visitou os Estados Unidos, onde recebeu das mulheres americanas 1 grama de rádio, que doou ao Instituto Curie de Radioatividade, criado na França. Alguns anos mais tarde chegou mais 1 grama; dessa vez ela o destinou ao Instituto de Radioterapia de Varsóvia, que dirigia de Paris. Em agosto de 1926, Marie esteve no Brasil.
Em 1933 publicou o livro Les Rayons Alfa, Bêta et Gama des Corps Radioacttifs en Relation avec la Structure Nucléaire: era um esquema de todos os progressos realizados na física nuclear.
Marie morreu com 67 anos, em 4 de julho de 1934, no sanatório de Sancellemoz, vítima das radiações a que ficara exposta durante os anos de trabalho.
Referências
REIS, Martha. Físico-Química. Ciências, Tecnologia & Sociedade, FTD, 2001.
Para finalizar veja um vídeo do canal ProEnem - Enem 2019, sobre MARIE CURIE E A RADIOATIVIDADE | Prof. Caroline Azevedo:
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